" O metaverso não é algo novo, como se pode imaginar. Desde 2019 já existem empresas, pessoas e movimento por lá.

Estima-se que cerca de 6% dos brasileiros com acesso à internet tiveram algum tipo de experiência com essa tecnologia. Ou seja, quase 5 milhões de brasileiros já aderiram ao metaverso, segundo pesquisa do Instituto Kantar Ibope Media.
Sem dúvida, a mudança do nome do Facebook para Meta, e a divulgação de suas ambições e foco para os próximos anos, colocou um holofote sobre o tema. Ontem ninguém falava sobre isso, hoje virou trend.

Empresas famosas já estão faturando, prototipando, cobrando até mais caro por seus produtos (feitos de bites e pixels) neste mundo virtual.

Se você não faz ideia do que estou falando, recomendo assistir ao excelente vídeo do Walter Longo. Didático e ilustrativo, ele procura tangibilizar o intangível (link: https://youtu.be/IqTC4lsxNfk ).

Mas para que você continue seguindo o raciocínio, resumindo muito, demasiado até, o metaverso é um mundo além do real e físico, onde em breve também poderemos estar, comprar, interagir, inclusive com experiências sensoriais ...

Ali você irá criar seu avatar, que poderá ser sua própria versão, uma versão melhorada, ou uma outra qualquer. Você poderá ser quem ou o que quiser.

Poderá também ter uma família, novos amigos, o emprego dos sonhos, uma casa totalmente mobiliada como você sempre quis. Aliás, terrenos já estão à venda.

É onde você terá uma vida paralela. A imaginação (e as criptomoedas) será o limite.

Imagine não ter mais as limitações espaciais, intelectuais, genéticas ... para ser quem você sempre desejou!!

Talvez (e é o que se estima), esta realidade paralela se interconectará com o mundo real. Você não saberá – ou terá dificuldade em - distinguir entre uma vida e outra.

Tudo isso pode até parecer fascinante, mas meu olhar humano, de quem trabalha com desenvolvimento pessoal desde 2009, me faz pensar na quantidade de pessoas que serão acometidas por doenças mentais por esta dualidade.

Talvez não achem mais graça na realidade ou em quem verdadeiramente são. Conexões interpessoais e sociais serão perdidas ou prejudicadas. Os vícios em redes sociais se acentuarão... Poderia elencar ainda muitas coisas mais, mas você mesmo já deve ter vislumbrado o cenário. Uma pandemia, mas com um vírus virtual.

Walter Longo brinca em seu vídeo, dizendo que, se colocar um muro, o metaverso é um manicómio. Pois é. Se não cuidarmos, estaremos cercados por pessoas doentes, isso se não fizermos parte delas.
Nossa retina capta a imagem e nosso cérebro a interpreta, gerando estímulos não apenas visuais, mas também sensoriais (como emoções), resgatam memórias, desencadeiam pensamentos, liberam hormônios e neurotransmissores, enviam informações ao nosso corpo, que reage.

Claro que estou aqui descrevendo de forma muito simples e simplória, algo que é complexo, apesar de ocorrer em milésimos de segundos.

O ponto é que toda essa reação biológica, química, fisiológica acontece tanto com acontecimentos reais quanto virtuais. Nosso cérebro não distingue se é algo que está ocorrendo de fato ou apenas ficção. Não importa, nosso corpo, emoções e mente irão se comportar da mesma forma.

Ou seja, seu cérebro terá dificuldade em distinguir o que é real do que não é. Imagine isso, de forma repetida, por muitas horas (ou você acha que irá ficar apenas alguns minutos navegando por lá?), ao longo de dias, meses, anos ... ?!

Gerará uma dualidade onde será difícil, senão impossível, distinguir os dois mundos.
A única maneira que vejo para prevenir e minimizar os impactos negativos desse fato que é inevitável (sim, você estará no metaverso, mesmo que agora ache que não), é trabalhar e desenvolver a consciência.

Autores há tempos já falam sobre a importância da atenção à consciência. Yuval Harari, em seu livro “21 Lições para o século 21”, aborda essa como A solução frente ao avanço da Inteligência Artificial e da substituição do homem pela máquina. E olha que ele escreveu o livro antes da existência do metaverso!

Mihaly Csikszentmihalyui, no livro Flow, dedica um capítulo inteiro à explicação da consciência, seu impacto em nossas experiências e como as interpretamos. O entendimento dessa estrutura é fundamental para a compreensão de todo o resto da narrativa.

Estar consciente, segundo Mihaly, “significa simplesmente que certos eventos conscientes específicos (sensações, sentimentos, pensamentos, intenções) estão ocorrendo e que somos capazes de direcionar seu curso.”

Por outro lado, se estamos inconscientes, os eventos acontecem e interferem da mesma forma em nossas sensações, sentimentos, pensamentos, intenções, mas não nos damos conta disso. Não há clareza. E ao invés de sermos protagonistas da nossa vida – como pode parecer no jogo virtual – somos levados por ela.

Que fique claro que não desgosto da ideia desta realidade virtual e aumentada, apenas ressalvo a importância de estarmos despertos e atentos!

Mais e mais tem-se falado em saúde mental. As empresas estão buscando formas de cuidar de seus colaboradores. As habilidades sócio-comportamentais estão em alta.

Por isso, aproveite! Este é o momento de cuidar de seu maior bem, que será fundamental e mais valioso do que qualquer outro investimento: sua consciência.

Algumas ferramentas contribuem para a expansão da consciência, como a meditação (poderosíssima). Os treinamentos e workshops que estimulam o auto-estudo e a auto-percepção, e o desenvolvimento das power skills também.

Só assim você será capaz de chegar são e salvo nas próximas décadas."

Fonte: https://www.linkedin.com/pulse/consci%25C3%25AAncia-do-metaverso-alessandra-filippini/?trackingId=b%2BcGKbaAT8ub4EssZSTkXw%3D%3D