Como comenta o historiador Yuval Harari, as ondas de choque causadas por esses conflitos como a guerra da Ucrânia são estrondosas. Especialmente quando se trata da evolução socioeconômica e cultural. Há muitos anos, após a Guerra Fria, o mundo vive um período de forte e maciço investimento em novas tecnologias, medicina e educação. Com investimentos médios na área militar abaixo de 10%. Logo após o início da guerra na Ucrânia, vários países revisaram esse investimento, aumentando-o para 20%, 30% e até 40%. E onde começa a haver defasagem deste dinheiro? Inovações, saúde e educação. E enquanto muitos argumentam que as guerras aceleraram inúmeras tecnologias no passado, o impacto negativo nas populações afetadas permanece imensurável.

Do meu ponto de vista, pensamentos assim são cruéis, desproporcionais e irracionais.

 
Mas, não é sobre a guerra e seus impactos que quero falar hoje. Quero realçar o perigo da irracionalidade e como ela impacta especialmente os comportamentos humanos.

 
É nesses momentos de perigo e conflito que surgem os comportamentos mais instintivos e inconscientes. Pessoas que trabalhavam, eram gentis e contribuíam para o seu bairro, agora matam, estupram e destroem. Estou aqui extrapolando até onde esses comportamentos podem ir em um cenário de guerra, mas isso acontece, em menor escala e, talvez, de forma menos chocante, também na sua rotina.

 
Um exemplo é a maneira como nossas emoções podem distorcer nosso julgamento. Quando estamos com raiva, com medo ou nos sentindo ameaçados, é muito fácil tomar decisões precipitadas das quais podemos nos arrepender mais tarde. Por isso é tão importante tentar manter a serenidade e a lucidez nos momentos de crise, para que possamos tomar melhores decisões.

 
Manter a clareza mental, mesmo em meio ao caos, pode ser a diferença entre a pessoa que você deseja ser e a completa aniquilação de seus valores, crenças e civilidade.

 
Perceba! Na sua rotina de trabalho ou em diferentes grupos sociais isso acontece rotineiramente. Quando não estamos cientes de nossas emoções e reações, podemos facilmente ser pegos pelo pensamento de grupo ou pela mentalidade da multidão. Podemos fazer coisas que normalmente nunca faríamos, só porque todo mundo está agindo daquela forma.

 
Isso é ainda mais forte e fácil de acontecer no mundo digital. Quantos compartilhamentos de notícias, fofocas e vídeos engraçados você já compartilhou? Como você se sentiria se estivesse fora do instagram, likedin, whatsapp, facebook etc.? Como são seus hábitos de consumo? Escolhe produtos que ninguém nunca comprou de uma loja desconhecida ou tem tendência a tomar uma decisão de compra por meio de provas sociais como bons depoimentos, muitas compras feitas, muitos anúncios? Já sente a polarização política no ar? Como você decidiu seu voto em 2018? Você estudou os candidatos a fundo ou sua fonte de informação foi a internet, amigos, colegas de trabalho e familiares?

 
Não estou dizendo que todos os comportamentos e escolhas de massa serão ruins. Mesmo durante a guerra da Ucrânia, já mencionada acima, vimos milhares de comportamentos de compaixão, solidariedade e cuidado também!

 
Meu ponto é: o quão consciente você está de suas ações, escolhas e comportamentos?

 
Quanto do que você faz está no piloto automático?

 
Quanto mais autoconhecimento tivermos, mais poder temos sobre nossas reações, em vez de sermos controlados por elas. Para que da próxima vez que surgir uma situação de conflito e crise, possamos tomar decisões com base na consciência e na razão, em vez de seguir cegamente nossas emoções, instintos e comportamentos de massa.

 
Infelizmente, o mundo cada vez mais acelerado em que vivemos está levando o ser humano exatamente na direção oposta. A viver uma vida corrida, sem propósito e sem escolhas lúcidas.

 
E você, exercita a clareza mental? Você se sente preparado para se manter firme em seus valores e caráter, mesmo em meio à crise e ao caos?

 
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