"Uma conversa recente com a minha mãe me fez refletir sobre escolhas e prioridades.

Minha mãe é aposentada, mas eu diria que trabalha mais do que eu. Levanta-se cedo para cuidar da casa e não para até se deitar.

Certo dia resolvi colocar meu relógio Garmin nela e constatei, como já imaginava, que ela percorre longas distâncias apenas dentro de casa, se movendo de um lado para o outro, cuidando da roupa, comida, gatos, limpeza...

Está certo que a casa é grande e ela quer que esteja tudo cheiroso, brilhante e organizado (puxei isso dela), mas tem empregada que vai de segunda à sábado, e na casa moram apenas ela e meu pai, também aposentado.

Ela não sai, não viaja, não se encontra com as amigas, não tem um hobby. Alega que não pode deixar a casa, os gatos, a empregada sozinhos ...

E assim passam-se os anos.

E tudo bem se ela estivesse feliz com isso, mas não está. Vive reclamando ao mesmo tempo que está apegada demais à essa rotina. Todas as sugestões de mudança são rechaçadas como impossíveis, mantendo-se na zona do desconforto. Talvez, para ela, agir seja mais difícil do que permanecer.

Imagino-a em seu leito de morte, olhando para trás e pensando sobre o legado que deixou: “os gatos foram bem alimentados, estão saudáveis, e a casa brilhando”.

Sempre que vou passar uma temporada com ela (que mora na praia, mas nunca vê o mar), ao me despedir ela chora dizendo que, mais uma vez, não teve tempo para mim. Nas férias seguintes, tudo se repete.

A sensação que eu tenho é que ela, como muitas pessoas, criou uma rotina inconsciente, que se tornou um hábito profundo. Ela acha que essa é a vida dela e que não existem outras opções. Apesar do descontentamento, em sua mente, não há o que fazer.

Ao mesmo tempo que isso me entristece, me faz enxergar as boas escolhas que fiz e continuo fazendo ao longo da vida. Sei (pois ensino isso) o quanto é possível mudarmos nossa realidade. É simples, mas claro que não é fácil, porém mais difícil é se manter em situações que não se deseja.

A dica que deixo para você, que está lendo este texto, é parar tudo agora e refletir se está levando a vida que gostaria, ou se está se deixando levar por ela, de forma aleatória e inconsciente.

Se a conclusão foi que você está onde não quer, ainda que apenas em uma área (financeira, afetiva, profissional), tome hoje mesmo as rédeas de sua vida.
Se certifique de que, ao olhar para trás, terá orgulho e felicidade do caminho que traçou e fez tudo o que podia para chegar até ali.

Nunca é tarde para recomeçar!"